Presos morrem com fome no e sobrelotação no comando do Cazenga

A sobrelotação e a falta de alimentação e de água nas celas do comando municipal da Polícia Nacional no Cazenga provocaram a morte, por desnutrição e desidratação, a dois detidos que se encontravam presos naquele comando de polícia, e o desmaio de mais de 30 outros detidos socorridos para os hospitais dos Cajueiros e da “Somague”, onde receberam tratamento.

As mortes ocorreram por volta das 6:00 da passada terça-feira, 2, nas celas do comando municipal do Cazenga, também conhecido como comando do “IFA”, quando sete detidos desfaleceram, o que provocou uma rebelião dos mais de 90 detidos que se encontravam há mais de um mês nas celas 1 e 2 daquele comando de Polícia.

Segundo as fontes policiais, a rebelião dos detidos provocou o desmaio de mais de 30 outros detidos que foram prontamente socorridos para os hospitais dos Cajueiros e da Somague.

Conforme as fontes, a sobrelotação das celas deveu-se à fraca recepção dos processos remetidos ao Juiz de garantia, bem como à não emissão de mandados de condução à cadeia ou de soltura.

Essa situação, para além de atrasar a instrução preparatória, provocou o aumento da população prisional nas celas deste comando municipal, descreveram as fontes.

Entretanto, face ao agravar da situação, do estado debilitado (desnutrição) dos arguidos, na terça-feira, 2, mais de 40 detidos foram colocados em liberdade e receberam dos magistrados do Ministério Público e do juiz de garantia as respectivas solturas.

Muitos detidos foram soltos por não terem qualquer processo-crime instaurado naquele comando municipal e estavam detidos há mais de um mês.

Um dos detidos que recebeu soltura conta que viveram dias de terror nas celas do IFA. Outro diz que o grande problema foi mesmo a falta de comida e água que quase não existe no comando.

“Não há comida na esquadra, uma tigela de arroz que em casa é para uma criança de cinco anos, é repartida por 20 pessoas. O que se viveu nas celas foi desumano”, lamenta.

Uma fonte do comando municipal do Cazenga disse ao NJ que o problema, para além de falta de alimentação nas esquadras, é também da lentidão dos magistrados (juízes de garantia) que permitem que os detidos esperem por muito tempo nos comandos, daí a superlotação das celas.

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