O ritmo do crescimento dos preços dos produtos nacionais no mercado grossista, 35,71% no último ano, é muito maior que o acréscimo nos produtos importados, 19,31%, empurrando o Índice de Preços Grossistas (IPG) para uma inflação homóloga em Abril para 23,65%.
Numa economia que funciona normalmente, o IPG é indicativo da evolução do Índice de Preços do Consumidor (IPC), normalmente reflecte-se um a dois meses depois neste valor, mas no nosso País esta associação não é linear.
Por um lado, porque é importante referir que o IPG analisa apenas três sectores económicos – Agro- pecuária, Pesca e Indústria Transformadora – dos dez que compõem o IPC, embora sejam os de maior ponderação, com um peso que se aproxima dos 75% do índice do consumidor.
Para os produtos importados isto acontece quase na totalidade, para os produtos nacionais existem alguns canais directos entre os produtores e os comerciantes, que depois também podem influenciar os preços. Ou seja, a evolução dos preços no canal grossista (informal) depende muito mais das estratégias comerciais de quatro/cinco grupos que dominam este negócio no País, do que propriamente do normal funcionamento da cadeia comercial.
O peso da produção nacional
No entanto, este índice, o único que divide a evolução de preços da produção nacional e das importações, permite um outro tipo de análise para perceber as altas taxas de inflação que o País sofreu nos últimos 18 meses.
O ritmo de crescimento dos preços dos produtos nacionais é quase o dobro do que acontece nos produtos importados, um facto a que não é alheio o facto de haver escassez de oferta de alguns produtos básicos por via da proibição das importações.
Por exemplo, no milho, onde existem inúmeras restrições na importação, que apenas acontecem por cedência de autorizações especiais em momentos particulares, o acréscimo de preço do milho nacional em Abril foi de 4,09%, enquanto que o milho oriundo das importações cresceu apenas 1,32%.