Deputados angolanos denunciaram nesta quinta-feira, 25, a morte de cidadãos em lixeiras, onde buscam “migalhas de comida para sobreviver”, devido à pobreza extrema que assola o país, considerando que a “violência económica praticada pelo Estado” angolano motivou a greve geral dos trabalhadores.
O deputado Nimi a Simbi, que em nome do grupo parlamentar misto PRS-FNLA (oposição) apresentava a declaração política na sessão plenária extraordinária do parlamento angolano, lamentou a actual situação social dos angolanos, sobretudo os “baixos salários” que auferem.
De acordo com o também presidente da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), o baixo poder de compra dos salários está a levar cidadãos a se socorrerem do lixo em busca do sustento, onde muitos acabam por perder a vida.
“Já chamámos a atenção sobre a situação social dos angolanos, particularmente dos seus salários, que se situam ao nível tão baixo que nos leva a uma pobreza extrema, ao ponto de alguns compatriotas morrerem nas lixeiras em busca de migalhas para sobreviver, como aconteceu esta semana no Aterro Sanitário de Luanda”, denuncia o deputado.
Com os trabalhadores a cumprirem o quarto dia da segunda fase da greve geral, que decorre até 30 de abril para exigirem aumentos salariais e ajuste do salário mínimo nacional, Nimi a Simbi exortou o Governo a rever o actual sistema remuneratório do país.
Para o deputado, a greve geral convocada pelas centrais sindicais resulta da actual situação social das famílias, aconselhando as autoridades a ouvirem os sindicatos e juntos buscarem “soluções duradouras que estabilizam a sociedade”.
Sobre a actual situação socioeconómica dos angolanos, também falou a deputada do Partido Humanista de Angola (PHA), Florbela Malaquias, lamentando as políticas económicas erratas e prejudicais do país, que originam a “marginalização, pobreza, desigualdade e ilusão da estabilidade social”.
“E é neste contexto que os sindicatos convocaram a greve dos trabalhadores para proteger os direitos económicos de todos e de todas e de enfrentar activamente a violência económica perpetrada pelo Estado”, referiu a deputada na sua declaração política.
Para os cenários de “violência política, económica e até mediática”, observou a líder do PHA, o bom senso e o diálogo “seriam os remédios santos”.
“Os angolanos e angolanas merecem uma paz plena em todas as facetas da sua vida, mas já lá vão 22 anos sem termos conseguido acabar com a fome, 22 anos é tempo de sobra para se produzir comida com fartura por mais subterfúgios que se arranjem”, criticou.
Florbela Malaquias, na sua intervenção perante ao plenário, manifestou-se ainda solidária com os deputados da UNITA, cuja caravana foi atacada no passado dia 03 de abril na província angolana do Cuando-Cubango com resultado de alguns feridos, tendo condenado a “violência gratuita”.
“Não era suposto que isto ocorresse em pleno abril da paz. Cabe-nos lembrar e recomendar que a paz deve ser cuidada porque ela nunca está garantida”, salientou a parlamentar.
Nimi a Simbi, que interveio em nome da FNLA e do PRS (Partido de Renovação Social), também manifestou solidariedade aos deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) pedindo “responsabilização” aos actores do acto.