O Estado gasta em média, por mês, 255,1 mil milhões de kwanzas no pagamento de salários da função pública e, no final de Junho, a Conta Única do Tesouro tinha depositados apenas 311,9 mil milhões Kzs, o valor mais baixo do ano. As receitas petrolíferas já não chegam para pagar a dívida interna e externa.
O elevado peso do serviço da dívida pública provocou um atraso no pagamento de salários da função pública relativos ao mês de Julho, tendo o Governo admitido que o Tesouro privilegia o cumprimento das obrigações com os credores nacionais e internacionais e, só depois de estarem asseguradas essas verbas, é que são desbloqueados os pagamentos dos salários. O Governo vai ter de pagar o equivalente a 1.100 milhões de dólares por mês em dívida interna e externa até Dezembro, pelo que a pressão sobre a tesouraria permanece elevada, até porque só as receitas fiscais petrolíferas já não chegam para pagar a dívida.
De acordo com o Plano Anual de Endividamento (PAE), no mês de Julho o Governo estava obrigado a pagar 1,2 biliões de kwanzas em juros e amortizações da dívida pública. Só em dívida interna estava previsto o pagamento de 1,0 biliões Kz e quase 230 mil milhões Kz em externa.
E ainda que tenha sido feita rolagem de parte dessa dívida interna (consiste na troca de títulos vencidos de uma dívida “velha” por títulos a vencer no futuro, que passam a constituir uma dívida nova), uma vez que o Governo apenas conseguiu colocar cerca de 177 mil milhões Kz (maioritariamente com maturidades a um ano) em títulos de dívida no mercado primário (não se sabe como foram as negociações de REPOs), foi insuficiente para impedir o atraso no pagamento dos salários, ainda que o Governo não o entenda como um atraso, defendendo-se que o pagamento pode ser feito até ao último dia de cada mês.